Por João Camilo G. Sardinha (*)
Sua empresa adquiriu
recentemente novos equipamentos, de última geração, alta tecnologia e altíssimo
desempenho. Isso significa que agora você não vai mais precisar se preocupar
com manutenções preventivas.
— Claro que não! Equipamentos
de alto desempenho precisam de manutenções frequentes para que não percam o desempenho.
Além disso, sem uma manutenção preventiva corro o risco de começar a ter
problemas e quebras, que vão impactar na minha produtividade.
Você está correto. Todo mundo
sabe que a produtividade e o desempenho de um equipamento dependem de uma boa
manutenção preventiva para que se mantenham nos níveis alcançados com o
equipamento ainda novo.
Então agora eu te pergunto:
você está fazendo manutenção preventiva na sua equipe?
Quando um funcionário é
contratado, buscamos o candidato com a maior qualificação, com a formação
necessária para a função e com experiência no tipo de atividade a ser
realizado. Após contratado, ele passa por uma integração, é treinado nas suas
novas atividades e recebe diversas orientações sobre o desempenho esperado para
o seu trabalho. E depois, com que frequência damos manutenção em sua
competência? Você recicla frequentemente os seus conhecimentos?
— Não precisa. Ele já aprendeu
isso na faculdade ou no seu curso técnico. Ele passou um dia inteiro em
integração e, se tiver alguma dúvida, deve perguntar ao seu superior.
Por que é fácil para qualquer
pessoa entender que uma manutenção preventiva é importante para um equipamento
manter seu desempenho e ao mesmo tempo por que muitas vezes é difícil entender
que a produtividade e o desempenho das pessoas requerem também uma “manutenção”
para que se mantenham em altos níveis? Pior ainda, sem essa manutenção corre-se
maior risco de erros e não conformidades, assim como as quebras e problemas de
operação em um equipamento.
As normas ISO de sistemas de
gestão, em sua Cláusula 7.2 - Competência, requerem que sejam providos treinamentos
para alcançar a competência, mas não são específicas em requerer reciclagens
destes. Mas se você quer ter uma equipe de alto desempenho ao longo do tempo,
deveria considerar mais a realização de reciclagens dos conhecimentos
necessários a cada função. Não é porque a pessoa já recebeu uma informação,
talvez há vários anos, que este conhecimento não precise de uma manutenção
periódica.
Empresas do segmento
alimentício precisam realizar reciclagem dos conceitos de Boas Práticas de
Fabricação anualmente por exigência da legislação. Apesar de ser um requisito legal,
quando realizada corretamente, são estas reciclagens que garantem a manutenção
das práticas e fortalecimento de uma cultura de segurança de alimentos nas
empresas.
Em meu livro “Faça Seu Sistema
de Gestão Dar Re$ultados”, fiz a seguinte consideração: “Existem empresas
que investem grandes quantias na compra de equipamentos de alta tecnologia para
melhorar os seus processos, mas que querem investir o mínimo para desenvolver a
capacitação das pessoas que atuam nestes processos para atenderem às demandas
da nova tecnologia. A consequência é que o desempenho do processo não alcança
os níveis que foram projetados, ou estes níveis não se sustentam com o tempo. Se
a empresa almeja um desempenho superior no futuro, precisa desenvolver a sua
capacitação para operar neste novo nível e isso inclui desenvolver o seu
pessoal”.
Em outro ponto concluí: “Se
são as pessoas que movem os processos e fazem os seus resultados, precisamos de
pessoas capazes de criar, operar, gerir e manter estes processos com os níveis
de desempenho desejados”.
A memória das pessoas não é
tão segura quanto um programa salvo em um computador e com o tempo vai se
perdendo informações, adquirindo hábitos e deixando de dar atenção a questões
importantes para o desempenho das atividades.
Portanto, inclua na sua gestão
de competências a reciclagem periódica dos funcionários, mesmo de procedimentos
aparentemente mais simples. Não espere a ocorrência de problemas para reforçar
conhecimentos. Faça a manutenção preventiva da sua equipe e garanta os maiores níveis
de desempenho em seus processos.
* João Camilo G. Sardinha é diretor da APS
Qualidade (apsqualidade.com.br), atuando há mais de 20 anos como consultor, instrutor
e auditor de sistemas de gestão (ISO-9001, ISO-14001, ISO-45001, ISO-50001 e
outras). Autor dos livros “Descomplicando a ISO-9001” e “Faça Seu Sistema de
Gestão Dar Re$ultados” (disponíveis em amazon.com.br, nas versões impressa ou
e-book).
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