Por:
J. Camilo G. Sardinha (*)
Ultimamente
tenha escutado alguns comentários do tipo:
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Preciso comprar a série ISO-14040 para fazer avaliação de ciclo de vida por
causa da nova ISO-14001.
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Agora vou ter que incluir os aspectos ambientais dos meus fornecedores no meu
SGA.
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Vou ter que controlar os fornecedores dos meus fornecedores...
Para
tudo!!!
Calma
gente, a ISO não quis transformar a ISO-14001:2015 num inferno, muito menos
criar requisitos inviáveis para as organizações. Então vamos entender melhor
essa história toda.
Para
começar, a Perspectiva de Ciclo de Vida não tem nada a ver com a Avaliação de
Ciclo de Vida (ACV), que é uma quantificação dos impactos ambientais de
diferentes produtos nas mesmas circunstâncias. Isso é feito convertendo os
impactos ambientais em equivalentes de carbono. Por aí já dá para imaginar a
complexidade dos cálculos envolvidos e o enorme trabalho para coletar os dados
necessários (e consequentemente o custo para fazer tudo). Então vamos combinar
que ninguém mais fala de ACV para a ISO-14001:2015.
Resolvido
este ponto, permanece a pergunta: o que é essa tal de perspectiva de ciclo de
vida?
Até
então as organizações analisavam seus aspectos ambientais considerando
basicamente os impactos ambientais enquanto estes estavam em seu poder. Agora
precisamos lançar um olhar sobre o ciclo de vida dos produtos e serviços para
avaliar onde podemos controlar ou influenciar.
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Mas Sardinha, continuo sem entender nada do que eu tenho que fazer agora.
Ok, ok. Vou melhorar a minha explicação.
O
que chamamos de ciclo de vida de um produto ou serviço são todas as etapas
consecutivas desde a obtenção das matérias-primas, os diversos processamentos e
transformações, transporte, uso até a destinação após o fim de vida do produto.
Considerar
uma perspectiva de ciclo de vida é entender que os produtos e serviços possuem
um ciclo de vida.
Nada
como alguns exemplos para ajudar a entender um conceito:
Durante
o desenvolvimento de novos produtos, podemos avaliar a escolha de matérias-primas
diferentes, que causem um menor impacto ambiental, como por exemplo, optar por
materiais de fontes renováveis ao invés de fontes não renováveis.
Ou
ainda quando escolhemos entre diferentes modais de transporte, com um menor
impacto ambiental.
Temos
um outro bom exemplo da aplicação deste conceito quando vamos ao supermercado.
Diversos produtos são vendidos hoje em dia em embalagens para uso (normalmente
mais rígidas e maiores, para facilitar o manuseio do produto) e em embalagens
de refil, que consomem bem menos matérias-primas, ocupam menos espaço no
transporte, geram menor volume de resíduos e facilitam a sua reciclagem por não
utilizarem materiais diferentes misturados.
Esses
exemplos de decisões estão em nossas mãos, ou em outras palavras, temos
controle sobre elas.
Vamos
dar uma olhadinha agora no ciclo de vida após a nossa organização.
Quando
oferecemos aos clientes, consumidores ou usuários informações sobre como
transportar, utilizar ou mesmo como descartar nossos produtos ao final do seu
uso, estamos contribuindo para evitar que maiores impactos ambientais ocorram.
Não podemos obrigar que essas orientações sejam seguidas, mas estaremos
exercendo o nosso poder de influência.
Entenderam
a ideia? O que se deseja é que as organizações tenham uma postura mais
responsável ambientalmente dentro da cadeia produtiva onde atuam, mais do que
simplesmente cuidar de não derrubar produtos químicos no seu gramado.
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Mas temos hoje muitas empresas que já fazem diversas ações nesse sentido.
Sim,
claro! Ninguém disse que perspectiva de ciclo de vida era uma grande novidade. As
atitudes dessas empresas são as que chamamos de boas práticas. E o que é uma
norma de sistema de gestão do que um conjunto de boas práticas identificadas no
mercado para serem disseminadas para todas as demais empresas?
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E isso vai fazer aumentar os custos?
Vou
responder deixando as seguintes perguntas para vocês:
Já
pararam para pensar que em geral existe uma relação muito direta entre o custo
de um produto e os impactos ambientais que ele causa ao longo do seu ciclo de
vida? Considerar isso nas decisões da minha empresa vai aumentar os custos?
Valeu
pela atenção, galera! Grande abraço!
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(*)
João Camilo G. Sardinha é Diretor da
APS Qualidade, com mais de 30 anos de experiência profissional e há 15 anos atuando
como Consultor, Instrutor e Auditor de sistemas de gestão. Auditor Líder
ISO-9001, ISO-14001, OHSAS-18001 e ISO-50001 para a SGS e Instrutor de diversos
temas para a SGS Academy, incluindo Tutor dos cursos de Auditor Líder.
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