Por:
J. Camilo G. Sardinha (*)
Entendendo
a organização e o seu contexto...para que serve este requisito? Com faço para
implementá-lo?
Como
tudo o que é novo é natural de surjam muitas dúvidas. Vamos lá dar um jeito
nessas aí?
As versões 2015 das normas ISO-9001 e ISO-14001 tiveram como uma de suas mudanças (diria que até a maior delas) a introdução do conceito de Mentalidade de Risco, o que fez com que alguns novos requisitos fossem incluídos.
Começaremos
entendendo o que é risco. Pela definição das próprias normas, risco é o “efeito
da incerteza”. Em outras palavras, quando planejamento algo não temos bola de
cristal para sabermos se alcançaremos os resultados que desejamos ou não.
Isso
já começa a nos dar algumas pistas. Então quando falamos de riscos temos que
pensar nos objetivos, ou seja, nos resultados pretendidos.
Ok,
agora já temos uma ligação entre os riscos e os resultados pretendidos, mas
estávamos falando de contexto. Onde ele entra nesta história?
Vou
recorrer ao modelo conceitual do sistema de gestão apresentado nas próprias
normas para explicar. Na Figura apresentada neste artigo coloquei o modelo da
ISO-9001, mas a ideia se aplica igualmente à ISO-14001 ou a qualquer outra
norma que incorpore a mentalidade de risco.
Olhe
para a Figura. Podemos enxergar o sistema de gestão como um grande processão,
ou seja, um grande conjunto de atividades para transformar entradas em saídas.
Por exemplo, recebemos como entradas os Requisitos do Cliente e “transformamos”
em Produtos e Serviços como saídas, tendo ainda como brinde a desejada
Satisfação do Cliente.
Só
que essas não são as únicas saídas que um empresa espera de seu sistema de
gestão, existem outros Resultados Pretendidos com a sua implementação. Por
exemplo, talvez a Alta Direção pretenda ter uma maior participação no mercado,
uma melhoria na imagem da empresa, uma redução de custos, etc.
Se
estes também são resultados esperados então eles também estão sujeitos a
riscos, também existe uma incerteza se a organização irá alcançá-los.
_E
como se planeja um sistema de gestão, como se planejam processos que gerenciem
essas incertezas de modo que tenhamos maior confiança na capacidade de
alcançarmos nossos objetivos?
A
resposta está novamente na Figura. Temos outras duas entradas para o nosso
sistema de gestão, que são: a organização e o seu contexto e as necessidades e
expectativas de partes interessadas.
Precisamos
conhecer o que nos afeta em relação aos resultados pretendidos para podermos
gerenciá-los. Os nossos resultados podem ser afetados por fatores internos à
organização, externos à ela ou decorrentes das relações com outras partes
interessadas.
Vamos
tomar o exemplo do objetivo de aumentar a participação no mercado. O que pode
nos afetar em relação a conseguir isso? Poderíamos listar a ação da
concorrência (um fator externo à organização), a limitação da nossa capacidade
produtiva (um fator interno), a necessidade dos fornecedores de conhecer nossas
previsões de demanda para se prepararem a elas (um fator decorrente de uma
parte interessada), entre diversos outros fatores.
(Ah,
a norma usa o termo “questões” no lugar de “fatores”, como eu usei aqui.)
_Se
esses fatores podem nos afetar, tornando incertos os nossos resultados, então
significa que eles geram riscos?
Bingo!!!
Isso mesmo, se temos riscos é porque temos fontes para eles. Só conseguiremos
identificar adequadamente nossos riscos se conhecermos quais são as suas
fontes. Essas fontes todas constituem o Contexto de uma organização.
Resumindo
a história toda, para chegarmos nos resultados pretendidos, entendemos o nosso
contexto, para podermos identificar os riscos, que serão tratados por ações
dentro dos nossos processos, fazendo com que consigamos alcançar aqueles mesmos
resultados.
Entendeu
como as coisas se ligam numa sequência lógica?
_Que
tal um exemplo com toda essa lógica?
Tudo
bem, vou pegar um exemplo paa a ISO-14001 agora.
Digamos
que uma empresa tenha entre os seus objetivos ambientais a redução do consumo
de água. Um fator que pode afetar esse objetivo é a condição das instalações
hidráulicas da empresa (no caso, uma questão interna), que gera o risco de
vazamentos que aumentariam o consumo. Desse modo, podemos estabelecer uma ação
de inspeções periódicas nas tubulações, torneiras, vasos sanitários, etc., para
termos maior probabilidade de que o nosso objetivo seja alcançado.
Essa
relação toda também se aplica às “oportunidades”, mas isso é assunto para uma
outra “oportunidade”...rsrsrs.
Respondida
a sua dúvida, minha amiga Rose?
Abraço
a todos.
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(*)
João Camilo G. Sardinha é Diretor da
APS Qualidade, com mais de 30 anos de experiência profissional e há 15 anos atuando
como Consultor, Instrutor e Auditor de sistemas de gestão. Auditor Líder
ISO-9001, ISO-14001, OHSAS-18001 e ISO-50001 para a SGS e Instrutor de diversos
temas para a SGS Academy, incluindo Tutor dos cursos de Auditor Líder.
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